Quadrinhos são onde as palavras e seqüências de imagens se encontram. Há um poderoso potencial para o desenvolvimento de narrativas sobre pessoas, lugares e emoções. Porém, todo esse potencial de se empregar as técnicas gráficas e narrativas é raramente utilizado por profissionais dispostos a discutir a arquitetura através dos quadrinhos. Os quadrinhos têm o potencial de nos oferecer uma ou mais formas diferentes de se representar a arquitetura.
Se refletirmos um pouco sobre o espaço arquitetônico nas histórias em quadrinhos, vamos perceber que os edifícios não só ocupam um lugar no espaço, mas também ocupam um lugar no tempo. E ao explorarmos esse tempo através de imagens, devemos fazê-lo conscientes de que não existe uma experiência única de um determinado evento. Cada experiência espacial é única. Embora possamos ser guiados através da história por um narrador, trazemos conosco a nossa própria bagagem de experiências pessoais para a história. Isso se torna mais difícil se usarmos a representação fotográfica tradicional da arquitetura: imagens estáticas feitas em um determinado momento e em determinada condição meteorológica.
Ao observarmos fotografias de um edifício estaremos observando a interpretação da experiência pessoal do fotógrafo. É bem diferente de uma caminhada através de um edifício; onde certamente cada um de nós vivenciará uma experiência sensorial totalmente diferente da outra.
Então, e se ao invés de fotografias estáticas e de imagens desenhadas à mão utilizássemos fotografias em sequência? Afinal de contas, nada impede que isso ocorra!
Um dos poderes da história em quadrinhos é que ela pode nos transmitir um sentimento visceral do espaço. Texto e fotografias também podem nos transmitir sensações semelhantes, mas geralmente desenhos e ilustrações são mais vivos, porque são imagens baseadas conceitualmente, e não baseadas na reflexão fotográfica. As imagens são filtradas através de sua compreensão e por isso tendem a ser mais vivas… caso contrário não haveria razão para fazermos essas ilustrações.
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[…] A representação do espaço nos quadrinhos é auxiliada por informações verbais e visuais, caracterizando o ambiente onde a narrativa se desenvolve, estabelecendo assim um “clima” típico de um determinado gênero (um lugar deserto e escuro, com árvores sem folhas e com galhos retorcidos, próximo a uma casa velha e abandonada, remete diretamente às convenções típicas dos quadrinhos de terror publicados pela editora EC Comics na década de 50). […]
[…] sobre estruturas subaquáticas habitáveis, apresentando-nos uma espécie de modelo de representação do espaço nos quadrinhos e mostrando-nos o quão longe essas possibilidades podem nos levar no futuro. Share […]